Memórias do Rock Português Vol.2
Aristides Duarte, Edição de Autor, 2010
Após várias edições revistas do primeiro volume, Aristides Duarte, o autor do tomo e mentor do blogue "Rock em Portugal" sentiu necessidade de dar continuação ao trabalho anteriormente encetado. E em boa hora o fez pois tem sido, sem qualquer sombra de dúvida, um dos maiores divulgadores da História do Rock feito em Portugal, desde as suas origens até aos dias de hoje. Este novo trabalho tem méritos e defeitos, como todos os trabalhos, devendo revelar-se que não se espere no mesmo algo demasiadamente erudito, antes uma compilação de memórias e ideias que, a não ser desta forma, se perderiam na bruma dos tempos. Começando pelo que, na minha opinião, deveria ter sido alvo de melhor trabalho, volto a reiterar a ideia de que o trabalho gráfico da capa não tem sido bem sucedido. Eu que fôra crítico da capa do primeiro volume, tenho que confessar que já tenho saudade da mesma... O prefácio de António Manuel Ribeiro deveria ter sido também, na minha modesta opinião, substituído, por forma a não tornar maçadora a leitura a quem o compra e já conhece os trabalhos anteriores do autor. O autor poderia ter solicitado a outra figura de proa da música nacional uma revisão do ponto de vista, diversificando inclusive a óptica de quem gosta do fenómeno. Passando aos pontos positivos há a referir a apresentação de novas biografias de algumas bandas que haviam ficado esquecidas no volume anterior e/ou que assumiram um papel mais relevante na história do rock feito no nosso país. O critério de organização foi o alfabético, o que é sempre politicamente correcto, mas dificulta a organização interna do trabalho, não lhe conferindo uma espinha dorsal equilibrada. Nesta área são sugeridas novas imagens e elementos pictográficos relacionados com os artistas seleccionados, acrescentando valor à edição. O livro entra então na sua segunda parte, a das entrevistas que foi para mim a maior e melhor surpresa, proporcionando-me umas boas horas de leitura e até momentos de excelente disposição. O autor teve a feliz ideia de activar os seus contactos e coloca-los a narrar histórias interessantíssimas e ainda não reveladas. É assim possível termos conhecimento de situações verdadeiramente mirabolantes narradas na primeira pessoa por músicos de diversas gerações que nos confirmam a ideia de que isto de fazer música em Portugal nunca foi fácil. Músicos como António Manuel Ribeiro (UHF), Manelito (Alcoolémia), Manuel Barreto (Ananga-Ranga), Aníbal Miranda, António Garcez (Roxigènio), Aurélio Malva (Manifesto), Carlos Barata (Kama-Sutra), Daniel Bacelar, Eduardo Rocha (FM), Arménio Santa (Ginga), João Moutinho, João San Payo (Peste & Sida), Jorge Trindade (Iodo), José Serra (Aqui d'el Rock), Luís Beethoven (Opera Nova), , Luís Miguéns (Hosanna), Carlos Moisés (Quinta do Bill), Paulo Chagas (Miosótis), Luís Miguel Luz (Perspectiva), Luís Simões (Saturnia), Sérgio Castro (Arte & Ofício), Tó Andrade (Go Graal Blues Band), Zé Leonlel (Ex-Votos) ou Zymon (Blasted Mechanism) têm realmente coisas a contar, umas com mais interesse que outras, naturalmente. Para mim, está aqui a verdadeira gema preciosa deste trabalho, perpetuando factos, dando voz a quem já não a tem ou anda com paradeiro incerto na sua vida quotidiana actual. Isto é História! O trabalho do autor é depois complementado com crónicas de concertos a que este assistiu - esforço interessante de narração de uma época em que tudo se jogava no fio da navalha -, uma acessória e pouco consequente crítica ao mais recente trabalho dos Revolta, curiosidades do rock português e um compêndio de fotografias raras, memorabilia e capas de discos, parte que é sempre interessante estar preservada em papel pois a internet tem carácter fugaz. Em resumo, trata-se de um livro que vale a pena procurar e adquirir não apenas porque revela a paixão de Aristides Duarte pela música nacional mas também porque não tardará a revelar-se como mais um dos marcos de perpetuação de uma história que continua a ter tudo para ser volátil.
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2 comentários:
Tão mauzinho o som dos Revolta.
Totalmente fútil falar-se dessa banda num livro de memórias.
Essa banda só faz algum sucesso por ter lá o filhinho do Antoni Ribery dos UHF . Porque são mesmo do piorio musicalmente falando.
Som mais que comercial , rockezinho dos morangos com açucar.
Jose Mari
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