26 dezembro 2009

OS MELHORES DISCOS DA MÚSICA PORTUGUESA EM 2009

O que o ano 2009 nos trouxe de importante em termos de produção nacional foi isto que passamos a expor:

“Cruz Vermelha Sobre Fundo Branco” de Os Golpes (Ed. Amor Fúria) – Os Golpes são uma nova banda portuguesa, com um som muito próximo daquele que se praticava no “boom” do Rock português, na década de 1980 (próximos dos GNR e Heróis do Mar). Os Golpes são constituídos por Manuel Fúria, Pedro da Rosa, Luís e Nuno Moura. Muito bom o som das guitarras e muito boas as letras. Este disco é uma das grandes surpresas do ano. Para além do título do álbum, que é soberbo.

“Três Cantos Ao Vivo” de José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto (Ed. Conjunta EMI e Universal) – A reunião de três dos “monstros sagrados” da canção portuguesa, num disco gravado ao vivo no Campo Pequeno, em Lisboa.
Participam no disco mais de 20 músicos. Este disco é como se fosse uma antologia da melhor música produzida em Portugal, nas décadas de 1970 e 1980 (os temas são, na sua quase totalidade, destas décadas).
Os temas mais antológicos destes três cantautores, além de uma versão de “De Não Saber O Que Me Espera” de José Afonso, estão neste disco. Uma verdadeira redescoberta de algumas das melhores canções de sempre de toda a música portuguesa.


“Unoeskimo” dos Unoeskimo (Ed. Figura) – Um dos grandes discos deste ano, por uma banda quase desconhecida, constituída por 5 músicos. Contém sons bastante relaxantes.
Uma das grandes revelações do ano que termina. Um disco que vale cinco estrelas.

“Raiç” de Roberto Leal (Ed. JBJ) – Muita gente deverá ficar admirada por um disco de Roberto Leal aparecer nesta lista.
Só que este não é um disco do Roberto Leal, cantor das feiras e romarias, mas sim um regresso ao seu passado na aldeia de Vale da Porca, onde nasceu.
O próprio Roberto Leal considera e, com razão, esta a sua melhor obra de sempre. Trata-se de um disco de música tradicional das terras de Miranda, as terras onde Roberto Leal nasceu e que guarda no coração. Honra lhe seja feita, por não esquecer a sua raiz (a palavra mirandesa para raiz é “raiç”, o título do álbum). Participam neste disco alguns dos melhores músicos especializados em tratar a música tradicional como deve ser tratada. Entre eles destacam-se: Ricardo Dias, Manuel Rocha e Quiné (todos da Brigada Victor Jara), Amadeu Magalhães, Didi, António Pinto e Tocá Rufar. Cantado quase todo em mirandês, este disco é uma das grandes surpresas do ano.

“Outdoor” dos La La La Ressonance (Ed. Autor) – Outra das grandes surpresas deste ano.
Antes chamavam-se The Astonishing Urbana Fall. Agora são os La La La Ressonance. André Simão, Gil Teixeira, Paulo Araújo e Jorge Aristides são os componentes desta banda, que produzem um som muito “planante” e com grades influências “jazzisticas”, o que não é normal em músicos da sua geração.


“ Nem Lhe Tocava” de Samuel Úria (Ed. Flor Caveira) – Samuel Úria e o grupo de músicos que o acompanham fazem deste um dos melhores discos do ano de 2009. Aqui estão condensados António Variações e Tom Waits, José Afonso e Carlos Paião, Bob Dylan e Vitorino.
Com produção de Tiago Guillul, este é um disco sem preconceitos, por isso não podia deixar de estar nesta lista. Escutem-no bem…

“ Rua de Saudade” de Vários (Ed. Farol) – Um disco de homenagem ao poeta Ary dos Santos, com as vozes de Luanda Cozetti (dos Couple Cofee), Mafalda Arnauth, Susana Félix e Viviane (ex- vocalista dos Entre Aspas).
As canções tornadas famosas por vozes como as de Fernando Tordo, Carlos do Carmo ou Hugo Maia de Loureiro, são recriadas, com novos arranjos, neste disco que fazia falta. José Carlos Ary dos Santos foi um dos poetas portugueses mais musicados e daqueles que produziu alguns dos melhores poemas de toda a música portuguesa. Falecido há 25 anos, este disco presta-lhe o devido tributo. Bem hajas, José Carlos, por tudo o que fizeste pela música portuguesa.

Ainda quero destacar o disco “Cantigas Tradicionais Portuguesas de Natal e Janeiras”, dos Navegante, editado numa edição do jornal “Público”, de Dezembro de 2009, como um dos melhores discos desta temática que me foi dado escutar.

Quero, neste espaço, lançar o meu lamento sobre uma coisa que ouvi na televisão: parece que a que se auto-intitula selecção de todos nós (a da bola) já escolheu o tema musical que a acompanha. É um tema do grupo Black Eyed Peas (banda que eu não conheço). Ora bem, é lamentável que com tanta música portuguesa se escolha um tema de um grupo norte-americano. Assim, os músicos portugueses paguem a Queirós & C.ia na mesma moeda. Não me peçam, por favor para apoiar essa tal selecção, enquanto esta não escolher um tema de um artista português para a sua banda sonora. È que anda aqui um português, como eu, a pregar aos peixinhos e depois surgem situações destas… Simplesmente lamentável…

5 comentários:

Lapa disse...

É lamentével essa da música da selecção nacional...

ARISTIDES DUARTE disse...

Dizer lamentável ainda é pouco. Eu sei bem o que eles mereciam, esses macacos.

clt disse...

A culpa foi do Carlos Queiróz. Mas o Scolari também tinha a versão de "Casa Portuguesa" pelo Roberto Leal que também não se recomenda.

ARISTIDES DUARTE disse...

Mas, pelo menos a versão do Roberto Leal era cantada em português, embora com sotaque.

Agostinho disse...

A Marcha dos Golpes é que devia ser a canção da Selecção!