30 dezembro 2008

OS MELHORES DISCOS DA MÚSICA PORTUGUESA, EM 2008

O ano que ora termina foi um bom ano para a música portuguesa.
Novos projectos, “velhinhos” em forma e muita criatividade.
Da “colheita” deste ano destacamos os seguintes discos (a ordem é aleatória):

“Novos Talentos FNAC 2008”, de Vários (Edição FNAC)
Com as receitas deste disco a reverterem para a AMI (Assistência Médica Internacional) a música portuguesa moderna está de parabéns. Vários estilos misturam-se e interligam-se num todo coerente.
Participam The Guys From The Caravan, Madame Godard, Os Tornados, Os Pontos Negros, Peixe: Avião, The Portugals, Os N’Gapas, etc, etc, num total de 30 temas.
Um CD duplo que prova como a nova música portuguesa não deixa os seus créditos por mãos alheias. Essencial o tema “Poster” de Os N’Gapas, embora não sejamos muito adeptos do Hip Hop.

“Meu Bem, Meu Mal”, dos Navegante (EdiçãoTradisom)
Os Navegante provam aqui porque já se podem colocar na 1.ª Divisão das bandas nacionais de música tradicional. José Barros, o mentor do grupo, convida Amélia Muge, Edu Miranda, Janita Salomé, Rui Júnior, Rui Vaz (dos Gaiteiros de Lisboa), Manuel Rocha (da Brigada Victor Jara), Fernando Deghi e outros para dar corpo a um disco completamente maduro. Para além de alguns temas da tradição oral, há vários originais de José Barros. Na autoria dos temas ainda colaboram Amélia Muge e José Manuel David (dos Gaiteiros de Lisboa). Destaque para os temas “O Meu Bem” e “Simples de Entender”.

“Para Todo o Mal”, dos Mesa (Edição Sony BMG)
Os Mesa, após o grande sucesso que foi o tema “Luz Vaga”, em que Rui Reininho colaborava na voz, decidiram produzir um disco mais maduro e melhor.
João Pedro Coimbra e Mónica Ferraz (o núcleo dos Mesa) conta com músicos convidados para dar corpo a um som pop e eterno. Obrigado, Mesa, por este disco.

“Bota Fora”, de Carlos Cavalheiro/ Júlio Pereira (Reedição PPP).
Um disco, originalmente, de 1975, muito datado em termos de poemas, mas essencial para a compreensão do que foi a música portuguesa dos anos 70.
“Bota Fora” é som progressivo/psicadélico em todo o seu esplendor. O “mellotron” e todos os sons”fuzz” estão neste pedaço, agora em CD, com som remasterizado.
Junto com a reedição do LP original, encontram-se os dois singles gravados pelos Xarhanga, banda de que Carlos Cavalheiro era o vocalista e Júlio Pereira o guitarrista. Estes 4 temas, cantados em inglês, ao contrário do LP que é todo em português, são uma amostra do som que já se produzia em Portugal no início dos anos 70 (os dois singles são de 1973).

“Magnífico Material Inútil”, de Os Pontos Negros (Edição Mercury/Universal)
Uma das grandes revelações de 2008, Os Pontos Negros conseguem colocar na sua música algumas das melhores letras do pop/rock português de todos os tempos.
Treze temas constituem este disco, um verdadeiro achado que nos faz recuar ao melhor que os GNR fizeram nos anos 80. As influências da banda de Rui Reininho não são negadas pelos membros da banda, que, aliás, têm orgulho nisso. Um disco fundamental, capaz de figurar em qualquer discografia básica do pop/rock português.


“Independança”, dos GNR (Reedição Som Livre)
Originalmente de 1982, considerado um dos melhores discos de sempre do pop/rock em Portugal, esta era uma reedição há muito aguardada.
Um disco onde o experimentalismo tem o seu expoente no tema “Avarias”, que dura 27 minutos (e ocupava toda a face B do LP de vinil). Também se encontram neste disco temas como “Dupond e Dupont”, “Agente Único”ou “Hardcore 1.º Escalão”.
Essencial e com bónus: esta edição (em CD duplo) traz os primeiros singles dos GNR (ainda sem Reininho) e o máxi “Twistarte”, que contém o intemporal electro-flamenco “General Eléctrico”. Como sempre as letras de Reininho são bastante próximas de um surrealismo sem limites.

Ainda poderemos referir como discos do ano os seguintes:
“Companhia das Índias” de Rui Reininho, o seu primeiro álbum a solo, “You’re Not Human Tonight” dos The Great Lesbian Show e a reedição em CD de “Onde, Quando, Como, Porquê, Cantamos Pessoas Vivas” do Quarteto 1111, álbum editado em 1975 e uma das grandes raridades da discografia nacional.
Esperemos que o próximo ano seja tão profícuo, em termos musicais, como este foi.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boas, Aristides.

Há um álbum excelente em 2008: "40.02", a estreia dos Peixe:Avião. Soberbo, com letras fantásticas e um som muito bom (uns Radiohead à portuguesa). Excelente vocalista.

A Rita Red Shoes também foi uma boa surpresa e quando se libertar das (óbvias) semelhanças com o seu mentor David Fonseca, será, decerto um caso sério.

Quanto aos Pontos Negros, pessoalmente não percebo tanta promoção nos media; mesmo que tenham umas letras assim tão boas (não acho), a música está longe, longe do fulgor inicial das referências GNR. Acresce que a voz é do mais sofrível que há por aí; ainda falavam mal do Rui Pregal da Cunha como vocalista...

Mas é apenas uma opinião.

E a re-edição de "Mestre" em vinil?

Um grande abraço e um 2009 repleto de coisas boas (como o PS se espalhar em toda a linha!), recheado da melhor música.

Anónimo disse...

O Independança continua a ser uma obra-prima e, para mim, foi o melhor som portuga de 2008... :-)
Não percebo o hype à volta dos pontos negros, aquilo é música requentada...
não ouvi (ainda) o reininho a solo, mas estou curioso.
outros grandes discos de 2008: o dos dead combo, o do tiago guillul e o dos great lesbian show (se estes tivessem amigos na imprensa e na rádio seriam grandes!).
abraço e bom ano para o rock em portugal

Anónimo disse...

Duas grandes reedições do ano:

«mestre» dos Petrus Catrus

e

«integral vol.1» Conjunto Academico João Paulo

Votos de um Feliz ano novo!!!