16 julho 2008

História musical de LEONEL AUXILIAR e do seu single de 1983 (com um obrigado ao Rui Martins)

Leonel Auxiliar: Este nome pouco ou nada deve dizer à maioria das pessoas, mas para os mais atentos dentro do nosso movimento é sinónimo de um Single de 7 polegadas em vinil editado pela editora Metro Som em 1983 com dois temas: “Canção” e “Vídeo”.
Quando ouvi pela primeira vez estas músicas, e situando as mesmas no seu tempo, fiquei com a sensação que sabem a pouco. Evidências de Hard/Heavy progressivo estão bem patentes, mas confesso que segue uma linha que na época estava um pouco à frente do seu tempo.

Infelizmente até ao dia de hoje, poucas ou nenhumas informações eram conhecidas sobre o Leonel Auxiliar ou sobre o trabalho musical em questão, mas o próprio contactou-me e deu-me uma autêntica lição sobre vários assuntos que devem, sem dúvida alguma, ser partilhados convosco nas suas próprias palavras.
“O meu nome é Leonel Auxiliar. Nunca me tinha ocorrido que ao colocar o meu nome no google, me aparecesse alguém que se lembrasse sequer do single que editei em Portugal em 1983 e que foi gravado nos estúdios de um amigo na Alemanha com uma extraordinária banda que se chamava FRAPAN. Foram grandes momentos da minha vida e a única coisa que me deixa um pouco triste é o facto de, naquela altura, o mercado nacional não ter entendido. A Metro Som decidiu escolher essas duas músicas “Vídeo” e “Canção” mas a fita que trouxe comigo tinha mais duas que eram as minhas favoritas mas que o editor achou fortes demais. Uma delas chamava-se o “Diabo à solta”! Imagina, num país cheio de complexos, como fui recebido...
Foi um projecto muito interessante e cheio de coisas que hoje teriam sido aceites de outra forma.”

“A história do disco é um pouco fruto de uma série de acasos. Eu tocava guitarra pelas ruas da Europa quando conheci uma malta em Braunschweig (Alemanha) numa feira de serpentes e “ stuff” da onda. Palavra puxa palavra e acabei por entrar numa enorme loja de instrumentos onde fui atendido pelo Gerd Kunzer que tinha uma banda de Heavy Metal . Convidou-me para visitar o estúdio que tinha numa quinta a uns quilómetros dali. Apesar de não ter dinheiro para pagar o estúdio eles acreditaram no projecto e gravámos uma série de tracks. A Canção só tem uma nota e foi composta em menos de 15 minutos porque ainda sobrava espaço na fita e não o queriamos desperdiçar. O Branco de Oliveira da Metrosom achou que era melhor do que as outras. Erro!!!! Assim como a Video que tinha um nome sonante mas não tinha a qualidade necessária. Enfim, como eu já estava na Finlândia quando se deu a edição, não pude controlar minimamente aquilo que se fez. Águas passadas...”

“O pior é que quando vi o single, verifiquei que não havia nenhuma referência ao Gerd Kunzer na contra capa. Uma vergonha e um lastimável esquecimento de quem fez o trabalho, pois sem o Gerd nunca tinha sido possível”
“A capa foi feita por uns amigos da Figueira da Foz e só a vi depois do disco estar editado. Não era aquilo que eu pretendia, mas a história não é feita de ses mas sim de factos.”
“Devo referir que nunca fui emigrante na Alemanha. Fui para lá à procura das loucuras que são o cimento da minha existência. E por lá andei alguns meses à boleia até encontrar o Gerd Kunzer que colocou o estúdio à minha disposição para essa aventura.” “Da banda só posso dizer bem: foram grandes companheiros e todos são hoje conceituados músicos na área clássica apesar de ainda nos juntarmos para umas cervejas e ouvir aquilo de que realmente gostamos.”

“Em 1985 escrevi doze canções para um álbum a que chamei “Guerrilha Urbana” mas que se recusaram a editar. Acabei por gravar umas coisas na Finlândia, onde vivi dez anos, mas nunca foram editadas”

“Passo a maioria dos meus dias na Figueira da Foz e hoje em dia dedico-me especialmente à pintura (Banda Desenhada) e à Poesia. Coisas que não me fizeram esquecer a minha música e de vez em quando ainda componho umas coisas. For old times sake...”

O meu muito obrigado ao Leonel e como ele diz:
Keep on Rocking!
Rui Martins


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