21 março 2008

Um grande texto de Aurélio Malva (professor e membro da banda MANIFESTO , nos anos 80), descoberto por mim, numa caixa de comentários de um blog

Numa tentativa clara de desvalorização do lamentável acontecimento ocorrido na Escola Secundária de Carolina Michaelis, no Porto, que foi amplamente noticiado pelas televisões e pelos jornais mas está longe de ser um caso isolado — basta pesquisarmos no You Tube e contaremos por dezenas os vídeos sobre casos de indisciplina e violência nas salas de aula e noutros espaços das nossas escolas — o senhor Primeiro-Ministro e a Ministra da Tutela remetem-se ao silêncio e resguardam-se atrás do secretário de Estado da Educação.
E o que faz Valter Lemos? Tenta sacudir a água do capote afirmando, sem qualquer pudor, a maior das mentiras: que "o Governo, ao fazer aprovar o novo Estatuto do Aluno, deu às escolas um instrumento para reforçar a autoridade dos professores" e combater os casos de violência escolar! "Esquece" o senhor secretário de Estado que todos sabemos (ele também) que o que o Ministério da Educação fez foi desautorizar e humilhar a classe docente, que se vê, cada vez mais, impotente e desprotegida para conter o mau comportamento dos alunos e, o que é mais grave, para defender a sua integridade física e moral das agressões não apenas de alunos mas, pior ainda, de pessoas que, de pais e encarregados de educação, apenas têm o nome.
Bem pode o Governo tentar, irresponsavelmente, varrer o lixo para baixo do tapete que não vai consegui-lo. É lixo a mais!
O que é já claro é que esta política educativa, assente numa sanha reformista que privilegia o número em vez da pessoa, a estatística em vez da realidade, o produto em vez do processo, não vai dar certo. Pelo contrário, causará danos de tal monta e de tal forma irreversíveis na actual geração jovem que minarão os alicerces da nossa futura sociedade.
Esta é uma das mais graves heranças que Sócrates nos vai legar. Maldito seja, por isso!

Resistir é preciso!
Cantigas do Maio

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