OS MELHORES DA MÚSICA PORTUGUESA, EM 2007
O ano 2007 trouxe uma boa colheita de música portuguesa. Para além das novidades, foi este ano que começaram (finalmente) a ser “desenterrados” verdadeiros tesouros da música portuguesa, há muito esquecidos e que viram edição em formato digital.
Na nossa opinião, foram estes os melhores discos da música portuguesa neste ano (a ordem de apresentação é aleatória):
“Sound In Ligth”, dos BLASTED MECHANISM (Ed. Universal) – Um disco que prova a, cada vez mais, maturidade da banda de Valdjiu e Karkov. Com as colaborações de Salvatore Tiliba e Arahdur. Esta edição oferece um segundo CD, que se pode adquirir na "net" e se intitula "Light In Sound".Nunca os Blasted soaram tão radicais.
“Posta Restante”, dos CHUCHURUMEL (Ed. Autor) – O segundo disco da banda de César Prata e Julieta Silva é uma verdadeira ponte entre tradição e modernidade. Gravado nos Estúdio Reque Rec. apresenta temas de tradição oral, recolhidos por Lopes-Graça e Giacometti e vários outros estudiosos. Cada um dos temas é endereçado a uma personalidade ou colectivo ligados à música tradicional, daí o título do CD. A utilização da electrónica é muito apropriada, neste registo. Uma das grandes surpresas do ano.
“Shangri-La”, dos WRAYGUNN (Ed. Som Livre) – O regresso dos Wraygunn, a banda de Coimbra, comandada por Paulo Furtado (Legendary Tiger Man), num registo muito “Soul” e “Rock’n’ Roll”.
Os Wraygunn são um dos grandes grupos portugueses do momento, com todas as hipóteses para vingarem e terem uma carreira internacional. Se tal não acontecer, em 2008, os estrangeiros devem ser bem “duros de ouvido”.
“Não Sou Daqui”, de AMÉLIA MUGE (Ed. Vachier & Associados) – Amélia Muge apresenta o seu melhor trabalho até este momento. Embora tenha data de edição de 2006, o trabalho só foi colocado à venda este ano e, por isso, figura na lista.
Tem participações de José Manuel David (dos Gaiteiros de Lisboa), José Peixoto, Yuri Daniel e direcção musical do ex – Trovante José Martins (companheiro de Amélia).
Outra das surpresas maiores do ano que agora finda.
“Risco”, dos MIOSÓTIS (Ed. Autor) – Banda de Peniche, praticante de um certo estilo de Rock progressivo, os Miosótis apresentam um trabalho bastante elaborado e melhor que o precedente “O Monstro e a Sereia”. Álvaro Silveira, Paulo Chagas, Carla Delgado, Vasco Patrício, David Vicente, César Delgado e Alberto Leitão são os músicos desta banda.
Participam, como convidados, João Nuno Represas, Manuel Cardoso (dos Tantra), Zara Quiroga, Daniela Chagas, Eduardo Sérgio Ferreira, Nuno Silva, Carlos Gameiro e Paulo Muiños, os quais conseguem engrandecer com o seu contributo a música praticada pela banda.
“Canções Prometidas Raridades Volume II”, dos UHF (Ed. AMRA) – O segundo disco de temas raros dos UHF, saído em Novembro deste ano (o primeiro Volume foi editado em Março) só terá edição comercial a partir de Janeiro de 2008.
Constituído por 13 temas que vão de 1979 até 2007, os UHF provam (se ainda for preciso provar alguma coisa) porque andam nisto há tantos anos, sempre com sucesso.
Rock puro e duro é o que este disco nos propõe.
Destaque-se a versão de “Grândola, Vila Morena”, com as participações de Vitorino, Manuel Freire, José Jorge Letria e Samuel, todos contemporâneos de José Afonso e que, com gosto participaram nesta aventura. Tal como escreve António Manuel Ribeiro, também nós pensamos que o Zeca iria gostar desta versão. Tivemos o privilégio de ver os UHF tocar esta versão, ao vivo, em 2002 (no Sabugal); quando começou a germinar a ideia de gravá-la, o que só aconteceu este ano.
“Independança”, dos GNR (Ed. Som Livre) – O primeiro LP dos GNR, finalmente em formato CD, num disco duplo. Num dos discos está versão integral de “Independança”, um dos “míticos” discos do Rock português, muito influenciado pela “New Wave” e com o famoso “Avarias” (um tema que ocupava todo o lado B do LP e demora 27 minutos). No outro CD os temas dos três primeiros singles da banda de Tóli César Machado. Nos dois primeiros Rui Reininho ainda não pertencia aos GNR (“Portugal Na CEE” e “Sê Um GNR”). O segundo é o EP “Twistarte”., com um magnífico e “aflamencado" “General Eléctrico”. Essencial.
“Integral”, dos SHEIKS (Ed. Som Livre) – Da colecção “Do Tempo do Vinil”, tal como os CD’s dos GNR, Manuela Moura Guedes ou Jorge Palma, esta “Integral” inclui toda a obra gravada pelos Sheiks na Valentim de Carvalho, o que só deixa de fora os LP’s “Pintados de Fresco” e “Sem Cobertura”, dois LP’s já dos anos 70 do século XX.
A obra dos Sheiks dos anos 60 (apresentada em “Integral”) é essencial para se compreender um pouco das origens do Rock português. O grupo de Paulo de Carvalho chegou a ter, a uma escala caseira, tanto sucesso como os Beatles. E os temas dos Sheiks são muito bons. Algumas das raridades incluem versões em castelhano e temas em português desta banda que ficou conhecida por cantar, quase sempre, em inglês.
Outro disco essencial.
Poderão ser ainda referidos os discos de Jacinta (“Convexo”) e Couple Coffe (“Com As Tamanquinhas do Zeca”), ambos de homenagem a José Afonso.
Também foram importantes para a música portuguesa os discos “Cintura”, dos Clã e a homenagem a Adriano C. Oliveira por músicos da nova geração (intitulado “Adriano Aqui e Agora- O Tributo").
No capítulo das reedições salientam-se “Mestre”, o incontornável disco dos Petrus Castrus e o primeiro LP de Jorge Palma (“Com Uma Viagem na Palma da Mão”), originalmente saído em 1975.
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2 comentários:
Olá Aristides!
Esta lista não está por ordem, pois não?
Se tivesse, utilizava-a num post que estou a preparar para a trompa.
http://a-trompa.net
Ótimas escolhas, mas o meu predileto mesmo é o disco dos Couple Coffee "Co'as Tamanquinhas do Zeca!". Nunca se viu tamanha novidade num reportório tão conhecido.
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