02 maio 2007

NOTÍCIA

Notícia Primeiro de Janeiro

Museu revela produção portuguesa no “tempo do gira-discos”
Vinte anos de música em vinil

O Museu da Música, em Lisboa, propõe este mês uma viagem por duas décadas da recente música portuguesa através do vinil, numa exposição com cerca de 200 discos intitulada «No tempo do gira-discos» que inaugura dia 9 de Maio.

A inaugurar no dia 9, a exposição «No tempo do gira-discos» centra-se na produção discográfica nas décadas de 1960 e 1970, revelando os discos de vinil, em formato LP, EP e single, desde o auge da música ligeira ao surgimento do pop rock, sem esquecer a canção de intervenção.

“Esta é a primeira grande selecção de discos de vinil que se faz sobre aquelas duas décadas”, afirmou à Lusa Rui Pedro Nunes, do Museu da Música, que organiza a mostra em conjunto com o Instituto de Etnomusicologia, da Universidade Nova de Lisboa. Repartida por vários núcleos, a exposição exibirá vinis de artistas representativos dos vários géneros musicais daquelas duas décadas, explicou o etnomusicólogo João Carlos Callixto, um dos organizadores da exposição.

A exposição acompanha duas décadas da história de Portugal, dos últimos anos do Estado Novo, com a predominância das gravações para programas de rádio até a utilização do modo LP (long play), à afirmação da democracia. A importância dos Beatles, a complexidade do rock progressivo e a irreverência da atitude punk, a canção de protesto e a revolução do 25 de Abril são indissociáveis do percurso musical proposto pela exposição. Com discos provenientes do acervo do museu, do espólio da RDP e de coleccionadores privados, a exposição apresenta, por exemplo, o primeiro LP da Banda do Casaco, «Dos benefícios dum vendido no reino dos bonifácios», de 1975, ou «10000 anos depois entre Vénus e Marte», de José Cid. Aliás, este músico português tem direito a um núcleo específico, intitulado «A Galáxia José Cid», por ser, segundo Callixto, “uma das figuras mais importantes do pop rock português”. A exposição termina simbolicamente com a edição do LP «Ar de Rock», o álbum de estreia de Rui
Veloso, em 1980.

Mas para demonstrar que antes de Rui Veloso “já havia pop rock de sucesso em Portugal”, a exposição dá a conhecer discos dos Sheiks, dos Ekos, dos Pop Five Incorporated, do Conjunto Académico João Paulo ou do Quarteto 1111. Dos Pop Five Incorporated, formados no Porto em 1967 por David Ferreira, Tozé Brito, Paulo Godinho, Álvaro Azevedo e Luís Vareta, serão revelados quatro vinis, entre os quais o LP «A Peça», de 1969. Os Aqui d’el Rock, uma das primeiras bandas punk portuguesas, e os Corpo Diplomático, que iriam dar origem aos Heróis do Mar, também terão discos em exposição no Museu da Música. Quem for à exposição “ficará a conhecer uma época que é muito mais rica do que às vezes se quer fazer crer”, sublinhou João Carlos Callixto.
Os anos férteis do Festival da Canção, de renovação da música ligeira, com a presença de Simone de Oliveira, António Calvário, Madalena Iglésias, Paulo de Carvalho ou Fernando Tordo, também estão representados na mostra. O movimento da canção de intervenção é ilustrado com discos de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Fausto, Brigada Victor Jara, Sérgio Godinho, Luís Cília ou o GAC, Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta, liderado por José Mário Branco e do qual será mostrado o primeiro LP, «Pois Canté!!», editado em 1976.

Destaque ainda para aqueles que, à partida, serão menos conhecidos, como os escritores de canções e os orquestradores que trabalharam entre 1960 e 1979, entre os quais Thilo Krasmann, Shegundo Galarza, Jorge Costa Pinto ou Nóbrega e Sousa, assim como os técnicos de som, como José Fortes e Moreno Pinto.

«No tempo do gira-discos: um percurso pela produção fonográfica portuguesa (1960-1980)» estará patente até 23 de Junho no Museu da Música, situado na estação de metro do Alto dos Moinhos.

2 comentários:

Edward Soja disse...

Ah, esqueci-me de fazer promoção ao meu renovado blogue:

http://through-my-window.blogspot.com/

Aristides, vou pôr lá uma ligação para cá.

Obrigado.

Mário Nunes disse...

Notável.
Excelente.
Nota 20, melhor já tinha 20 superou...
Muito bem.