Os Claves foram um dos mais famosos conjuntos do “yé yé” português, nos anos 60 do século XX.
No Verão de 1965 formam-se os Saints, um trio comandado por Luís de Freitas Branco, filho do musicólogo João de Freitas Branco.
Luís tocava viola e era o vocalista dos Saints. Os restantes membros eram o baixista João Valeriano e o baterista Alexandre Corte Real.
Corte Real partiu para o estrangeiro e entraram Luís Pinto Freitas (viola solo e vozes), João Ferreira da Costa (teclas) e José Authoguia (bateria).
Os Saints ficaram, então com uma formação de quinteto.
Nos anos 70 do século XX houve uma famosa banda australiana, praticante de um certo estilo de Punk Rock, que tinha o nome de Saints. Com certeza que não imaginavam que esse nome já tinha sido de uma banda portuguesa, dos anos 60.
Decidem concorrer a um dos famosos Concursos de música “yé yé”, que tinham lugar no Teatro Monumental, em Lisboa.
Concorrendo, na meia-final, com Os Jets, Os Tubarões, Os Cometas, Os Kímicos e Os Boys, chegam à final; mas, antes disso, mudam o nome para Os Claves.
A fama do grupo leva-o a fazer a abertura dos espectáculos das vedetas Romano Mussolini e Richard Anthony, nas suas apresentações em Lisboa.
Actuam, também, várias vezes, em programas da RTP.
Vencem o Concurso – no qual tiveram como rivais Os Rocks (do cantor de “ O Vento Mudou”, Eduardo Nascimento), Os Night Stars, Os Jets, Os Ekos, Os Chinchilas e Os Tubarões) – e gravam e editam um EP na etiqueta espanhola Marfer, que saiu em 1966.
O Concurso foi organizado pelo jornal O Século, a Emissora Nacional, o Rádio Clube Português e o Movimento Nacional Feminino. Talvez, devido à participação desta última organização, conotada com o Estado Novo; no palco do Teatro Monumental havia um grande cartaz que continha uma série de regras para os espectadores que terminava com esta fantástica frase “A juventude pode ser alegre, sem ser irreverente”.
Há uma foto histórica de Os Claves com esse cartaz atrás.
Nada de levantar grandes ondas, já se sabia…
O jornal organizador titulou “Explosão Juvenil no Monumental” e o Diário de Notícias colocou em caixa “O melhor entre 100: o conjunto “Os Claves”.
O prémio para os Claves foi no valor de 15 contos, uma pequena fortuna para a época, se tivermos em conta que a aparelhagem e o instrumental do grupo custou 180 contos.
O disco contém versões de “Keep On Running” de Spencer Davis Group, “Where Have All The Good Times Gone” dos The Kinks, “Fare Thee Well” de Chad & Jeremy e uma composição original, initulada “Crer”, da autoria de Luís Pinto de Freitas.
Como o disco foi editado depois de terem vencido o Concurso, apareceu uma tarjeta, na parte inferior onde estava escrito “ Vencedores do Grande Concurso de Yé Yé”. Por baixo do nome do conjunto estava escrito entre parêntesis “Campeões do Yé Yé”.
Ainda em 1966 conseguem contrato discográfico com a etiqueta portuguesa Alvorada e editam o seu segundo EP que inclui os temas “California Dreaming” dos Mamas And Papas, “Somebody Help Me” de Spencer Davis Group, “Daydream” dos Lovin’ Spoonful e “Sha La La Lee” dos Small Faces.
Os Claves continuaram a dar espectáculos em vários locais de Portugal, onde eram solicitados, mas o facto de serem estudantes, impediu-os de continuarem a sua carreira musical. Passados poucos anos a banda terminou.
12 setembro 2006
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