11 setembro 2006

BIOGRAFIA CONJUNTO ACADÉMICO JOÃO PAULO

No Portugal dos anos 60 surgiram muitos Conjuntos Académicos: Conjunto Académico Os Espaciais, Conjunto Académico Orfeu, etc.
Um dos mais famosos foi o Conjunto Académico João Paulo, assim chamado no início da sua carreira. Lá mais para o final da sua existência já só era Conjunto João Paulo, tendo retirado o “Académico” do seu nome.
O Conjunto Académico João Paulo formou-se na Madeira, tendo como membros João Paulo, Sérgio Borges, Carlos Alberto, Rui, Moura e Gualberto (este último falecido em 2004).
Sérgio Borges era o vocalista.
Por serem um grupo de jovens estudantes e pela alegria das suas canções, como “Hully Gully do Montanhês” ou “Milena (A da Praia), tornaram-se famosos não só na Madeira, mas, também, no Continente.
Foram contratados pelo empresário Vasco Morgado para realizarem espectáculos no Teatro Monumental.
Ainda fora da época daquilo que ficaria conhecido como o “yé yé”, este conjunto começou por gravar versões de grandes êxitos da canção francesa e italiana, na época muito conhecidos.
Entre outros, o Conjunto Académico João Paulo, gravou versões de Adamo, Gilbert Bécaud ou Charles Aznavour, um pouco antes da verdadeira explosão do Rock português por nomes como os Sheiks ou os Ekos.
O Conjunto Académico João Paulo passou, várias vezes, em programas da RTP, por ser uma banda que não punha quase nada em causa, sendo mais para puro entretenimento.
Em 1966 o Conjunto concorre ao Festival RTP da Canção com o tema “Nunca Direi Adeus”.
Sérgio Borges concorreu, também ao Festival RTP com o tema “Onde Vais Rio Que Eu Canto”, em 1970. Este foi o ano em que a RTP resolveu não participar no Festival Eurovisão da Canção.
O Conjunto Académico João Paulo gravou também com a cantora sul-africana Vicky um single, que teve edição comercial.
Após Sérgio Borges ter ganho o Festival da RTP, os EP’s do grupo passaram a ser em nome de Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo, como no EP “Nascer”.
Apesar de não terem ganho o Festival RTP da Canção editaram um EP com o título “Eurovisão” (em 1966).
Foram inúmeros os EP’s que o Conjunto Académico gravou, tais como “Conjunto João Paulo” (1965), “De Novo com João Paulo e o Seu Conjunto Académico (1966), “Poema de Um Homem Só” (1968), “Kilimandjaro” (1968) ou “O Louco” (1968).
A parte final da carreira desta banda é, musicalmente, mais interessante, notando-se uma aproximação a estéticas musicais mais avançadas. Até a capa do EP “O Louco” já está mais próxima de uma estética psicadélica e mais longe da música de cópia do início da carreira.
Em 1993 a Valentim de Carvalho editou algum do espólio do grupo num CD intitulado “Os Grandes Êxitos do Conjunto Académico João Paulo”. Mais tarde, a mesma editora lançaria uma nova colectânea do grupo intitulada “Antologia da Música Popular Portuguesa” (1990).
No entanto, muitos temas gravados em EP, na sua fase mais criativa, não conheceram nunca edição em formato digital.

8 comentários:

Anónimo disse...

Aristides Duarte:
Bom post, na linha dos artigos publicados por si no jornal semanário "Nova Guarda" ao longo de, pelo menos, 6 anos...
Para quem ainda não conhece, vale a pena ver, e não é só sobre Rock Português. Também há artigos sobre bandas internacionais.
Para tanto basta entrarem no "Nova Guarda" clicar "arquivo" e de seguida clicar "opinião" lá verão os textos "Em nome das folias", e não só, do autor deste blog.

Anónimo disse...

Já lá fui ver os artigos. São tantos e tão interessantes que tenho de dedicar mais umas horas a lê-los.
Será que os podia reeditar neste blogue?
Obrigada.

Anónimo disse...

NOVA GUARDA

Recordando... Francisco Fanhais

Francisco Fanhais nasceu em 1941, na Praia do Ribatejo.Com 10 anos entrou para o seminário de Santarém. Depois irá para os seminários de Almada e Olivais, onde termina o curso de Teologia.

Em 1964 é ordenado padre e em 1969, como professor de Moral começa a interessar-se sobre a realidade à sua volta. As aulas eram no Barreiro, terra onde ele conhece José Afonso que o incentivará a cantar contra o regime.

Participa no programa de Televisão " Zip-Zip" e grava o seu primeiro disco intitulado " Cantilenas".

Em 1970 grava e edita o seu disco " Canções da Cidade Nova" , com arranjos de Thilo Krassman. As músicas deste disco são de sua autoria e as letras de consagrados poetas , como Sophia de Mello Breyner, Manuel Alegre e António Aleixo.

" Cantata de Paz" , com letra de Sophia e o famoso refrão " Vemos, Ouvimos e Lemos, Não Podemos Ignorar", torna-se um dos hinos de resistência ao regime derrubado em Abril de 74.

Deste disco fazem ainda parte outros temas, tais como " Quadras do Poeta Aleixo", "Porque" , " Canto do Ceifeiro" e " Canção da Cidade Nova". Esta última canção ,com poema de Francisco Melro, é inspirada num tema bíblico. A música de Fanhais é uma música simples, mas eficaz , na senda dos "baladeiros", movimento a que ficaram associados muitos dos cantores que usavam a canção para denunciar as injustiças.

José Afonso escreve uma " Dedicatória" na contracapa do LP, que reza assim: " Tu que cantas, Defronte ,De faces atentas, e Seguras, Faz do teu Canto, Uma funda, Nesse lugar, Entre outras mãos mais fortes, E mais duras, Te estenderei , A Minha mão fraterna. Canta Amigo".

Este disco seria reeditado em CD, no ano de 1998, e o seu título seria alterado para " Dedicatória" , com o manuscrito da dedicatória de José Afonso a servir de capa.

Em 1971 , Fanhais parte para França , porque estava proibido de cantar, de exercer o sacerdócio e de leccionar nas escolas oficiais. Torna-se militante da LUAR e só regressa a Portugal após o 25 de Abril de 74.

Em 1975 colabora nas campanhas de dinamização cultural do MFA, juntamente com José Afonso e outros cantores e participa na gravação do disco " República", gravado ao vivo por José Afonso, na Itália, disco esse que é uma das maiores raridades no panorama discográfico português.

Em 1984 vai viver para Alvito, no Baixo Alentejo e dedica-se ao ensino de Educação Musical em escolas oficiais.

Participa , como convidado, no disco "Ao Vivo no Coliseu" de José Afonso, onde faz coros na bonita canção " Natal dos Simples".

Em 1993 regressa ao palco para, conjuntamente com Manuel e Pedro Barroso, apresentar o espectáculo " Encontro" , efectuados em Portugal e em França.

No dia 10 de Junho de 1995 é agraciado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Mário Soares.

Continua a cantar, sempre que lhe pedem , em escolas e ,sobretudo, em Festas do 25 de Abril ou em homenagens a José Afonso ( em Portugal e no estrangeiro).

Um dos países onde mantém um público atento é a Alemanha, onde se desloca com alguma frequência para participar em recitais e festas de homenagem à Revolução portuguesa de 25 de Abril.

Quando lhe perguntam pela vida responde que tem " dois filhos, dois discos, muitas árvores e muitos amigos".

Aristides Duarte

ARISTIDES DUARTE disse...

Todos os artigos sobre bandas de Rock português publicadas no jornal NOVA GUARDA, já foram publicados neste blog
É só uma questão de dar volta ao blog

Anónimo disse...

Obrigada!
Mas eu queria também referir-me aos artigos de bandas estranjeiras que publicou e que achei interessantes.

ARISTIDES DUARTE disse...

Pois
Está bem...
Mas esses não vou colocar aqui
Este blog é só sobre Rock português...

Anónimo disse...

Era de esperar que os comentários fossem acerca da Biografia em questão. Esperava melhor desta biografia, basta compará-la às doe EKOS...

Anónimo disse...

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