13 abril 2005

BIOGRAFIA POPELINE BEIJE E F.A.S.

Os Popeline Beije tiveram o seu início no ano de 1981, em Cascais.

O nome da banda era uma metáfora , já que não se referia ao tecido chamado popelina, mas sim a "pop line" ou linha pop.

Apresentaram-se como uma banda com influências da corrente futurista e neo-romântica, cujos principais mentores eram bandas como os Duran Duran, Classics Noveaux ou Spandau Ballet.

A formação da banda era: Alexandre Correia (guitarra), João Barros (baixo), Luís Filipe Valentim (teclados, futuro Rádio Macau), Ramalho(bateria, ex- Faíscas, ex- Corpo Diplomático e membro dos Street Kids, futuro Delfins) e José Braz (violino).

No ano da sua formação conseguem um contrato discográfico com a Polygram e editam um single com os temas "Coisas Bravas" e "Pop Snob". Produzido por António Pinho (membro da Banda do Casaco e produtor de muitas bandas nos anos 80), este single dava apenas uma pálida ideia das potencialidades da banda. Aliás, o produtor exigiu mesmo que a banda fizesse um som muito comercial, quando tal não era a intenção dos membros dos Popeline Beije.

Apesar de tudo, o disco conseguiu uma boa projecção mediática e chegaram a vender-se bastantes exemplares.

Em 1982 será lançado um novo single com um som muito mais elaborado, dentro daquilo que a banda queria mesmo fazer. Esse single incluía os temas "Chama de Outono" e "Delírio". Muito mais elaborado, com menos preocupações de ser comercial, este disco era mesmo o que a banda precisava para calar algumas críticas que colocavam os Popeline Beije como representantes portugueses do pior que vinha dos futuristas ingleses.

A banda conseguiu, ainda assim mais alguma projecção a nível nacional ao fazer a primeira parte dos ingleses Duran Duran, quando estes tocaram em Portugal e foram presenciados por 8.000 pessoas, no primeiro dia e 5.500 no segundo dia. Segundo dados da editora a banda conseguiu vender 5.000 exemplares dos dois singles.

Infelizmente, a partir do lançamento do segundo single a banda deu por terminadas as suas actividades.

Em Portugal existia outra banda com características semelhantes aos Popeline Beije, embora sem tantas preocupações de qualidade. Eram os Ópera Nova que editaram , também, um disco no início dos anos 80. Esta banda ficou conhecida , também, por ter feito algumas primeiras partes dos UHF, numa mistura de estilos musicais bem diferentes.

Em 1984, quando uma nova vaga de bandas portuguesas mais "underground" começou a surgir, após o fim do "boom" do Rock Português, Alexandre Correia e João Barros resolveram concorrer ao Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vous.

Para isso foram recrutar membros dos Ópera Nova, entre os quais o teclista Pedro Veiga e o vocalista Luís Beethoven e surgem os F.A..S.(Fantásticos Abridões da Selva, nova metáfora referente desta vez à selva urbana), uma das bandas mais inovadoras do panorama da nova música moderna portuguesa.

A banda concorreu e classificou-se em 6.º lugar no Concurso de Música Moderna do RRV. O vencedor desse ano foram os Mler Ife Dada. Através da sua participação no Concurso, tiveram direito a figurar no disco "Ao Vivo no Rock Rendez Vous em 1984" com o tema "Modernos Europeus", ao lado de Xutos & Pontapés, Croix Sainte, Ocaso Épico, Casino Twist ou Crise Total.

O tema "Modernos Europeus" era uma "pedrada no charco" na música portuguesa. A utilização de caixa de ritmos não era muito usual, nas bandas portuguesas de música moderna. Os seus espectáculos ao vivo, principalmente na sala do Rock Rendez Vous também ficaram na memória pela utilização de dois ecrãs de computador que emitiam imagens em tempo real e um jogo de luzes fantástico. Enfim, tratava-se uma banda que, para além do aspecto musical, não descurava a utilização de artes "performativas".

Infelizmente apenas o tema "Modernos Europeus" foi dado a conhecer aos melómanos que não tiveram oportunidade de ver a banda ao vivo. Sabemos, no entanto, que outro tema intitulado "Outono em Pequim", um "reggae" bastante "underground" fazia parte do alinhamento da banda nos seus espectáculos ao vivo.

2 comentários:

Pedro Veiga disse...

Boa noite,
Gostaria de agradecer o artigo que publicou sobre estas bandas portuguesas, e para enriquecer o mesmo, se me permite, gostaria de deixar alguns comentários e correcções.
O meu nome é Pedro Veiga e fui membro de algumas das bandas referidas neste artigo, e é nessa qualidade que faço os seguintes reparos:
1 - Os Ópera Nova nunca fizeram concertos ao vivo, e portanto nunca tocaram em primeiras partes dos UHF.
2 - Os F.A.S. só decidiram concorrer ao Concurso de Música Moderna já depois de formados, e a sua formação ocorreu por terem partilhado uma sala de ensaios, não por outro processo de recrutamento.
3 - Os F.A.S. nunca utilizaram écrans de computador com imagens em tempo real, pelo simples motivo de que não dispunham (nem provavelmente mais nenhuma outra banda) dessa tecnologia em 1984.
Grato pelas correcções!

ARISTIDES DUARTE disse...

Agradeço as informações, mas algumas delas foram prestadas por Luís Beethoven.